sexta-feira, 11 de maio de 2012

(R)EVOLUÇÃO


   Outro dia quando andava por uma livraria, lendo as contracapas dos livros que me pareciam interessantes, fui grotescamente surpreendida por um autor que falava algo sobre estarmos vivendo a revolução do amor. Ele defendia a ideia de que, hoje em dia, ninguém mais morreria por uma causa, religião, partido, mas morreria defendendo uma pessoa amada.
   Isso me incomodou de tal forma que saí pensando em como ele estava errado, em como era ridículo afirmar tais coisas em um mundo onde, todos os dias, vemos notícias de fanatismos mortais, de violência doméstica. Mas a parte da revolução do amor me chamou atenção.
   Até que, em certo ponto da minha indignação, tive de parar e me achar boba. Eu mesma, que sempre fui partidária da ideia de que é preciso começar uma revolução pra resolver todo esse caos, tive de admitir que essa minha visão se aplicaria em um mundinho perfeito, onde esse caos significaria uma revolução se formando e não a revolução já iniciada. O que vemos hoje, infelizmente, é a revolução que esperávamos, mas que veio da pior e mais desorganizada forma possível, onde todas as pessoas estão presas em suas revoltas particulares esperando seguidores dispostos a defender os seus interesses. Ninguém mais quer um líder para dar inicio a protestos, mas querem apoio para sua própria revolta, para conseguirem o que almejam para si.
    Então chegamos ao ponto mais crítico de tudo isso, onde esses milhares de inconformados seguem insatisfeitos diante de um único poder – e não me refiro unicamente à política – porque não se dispõem a ignorar desejos individuais na intenção de trazer um benefício maior. Pensam que, se terão de lutar por algo, que ao menos isso resolva todos os seus problemas, atendendo a todos os desejos de uma única vez. E assim seguimos todos separados.
   Pensando nisso, só posso concluir que a verdadeira solução está na paz. Não que isso signifique conformidade, mas minha ideia de revolução atende o princípio de que ela tem um propósito positivo, e somente uma revolta pacífica pode resultar na evolução que se espera, pois traz a nobreza da qual tanto precisamos.
    No meu intuito de promover a paz, acho válido lembrar que paz não é o silêncio frente à maldade – isso é covardia – mas sim o grito que clama por mais amor. Esse grito deve, primeiramente, ser entoado dentro de nós, para, através de paciência, gentileza, bondade, ser transmitido a outras pessoas.
    E – sejamos francos – talvez você não ganhe nada com isso, mas esse é justamente o princípio que estou tentando apresentar: escolher fazer o certo e o bom, e não o mais vantajoso, porque o bem é bom para todos, enquanto o melhor só satisfaz você. 


Letícia Gedrat