Outro
dia quando andava por uma livraria, lendo as contracapas dos livros que me
pareciam interessantes, fui grotescamente surpreendida por um autor que falava
algo sobre estarmos vivendo a revolução do amor. Ele defendia a ideia de que,
hoje em dia, ninguém mais morreria por uma causa, religião, partido, mas
morreria defendendo uma pessoa amada.
Isso
me incomodou de tal forma que saí pensando em como ele estava errado, em como
era ridículo afirmar tais coisas em um mundo onde, todos os dias, vemos
notícias de fanatismos mortais, de violência doméstica. Mas a parte da
revolução do amor me chamou atenção.
Até
que, em certo ponto da minha indignação, tive de parar e me achar boba. Eu
mesma, que sempre fui partidária da ideia de que é preciso começar uma
revolução pra resolver todo esse caos, tive de admitir que essa minha visão se
aplicaria em um mundinho perfeito, onde esse caos significaria uma revolução se
formando e não a revolução já iniciada. O que vemos hoje, infelizmente, é a
revolução que esperávamos, mas que veio da pior e mais desorganizada forma
possível, onde todas as pessoas estão presas em suas revoltas particulares
esperando seguidores dispostos a defender os seus interesses. Ninguém mais quer
um líder para dar inicio a protestos, mas querem apoio para sua própria
revolta, para conseguirem o que almejam para si.
Então
chegamos ao ponto mais crítico de tudo isso, onde esses milhares de
inconformados seguem insatisfeitos diante de um único poder – e não me refiro
unicamente à política – porque não se dispõem a ignorar desejos individuais na
intenção de trazer um benefício maior. Pensam que, se terão de lutar por algo,
que ao menos isso resolva todos os seus problemas, atendendo a todos os desejos
de uma única vez. E assim seguimos todos separados.
Pensando
nisso, só posso concluir que a verdadeira solução está na paz. Não que isso
signifique conformidade, mas minha ideia de revolução atende o princípio de que
ela tem um propósito positivo, e somente uma revolta pacífica pode resultar na
evolução que se espera, pois traz a nobreza da qual tanto precisamos.
No
meu intuito de promover a paz, acho válido lembrar que paz não é o silêncio
frente à maldade – isso é covardia – mas sim o grito que clama por mais amor. Esse
grito deve, primeiramente, ser entoado dentro de nós, para, através de
paciência, gentileza, bondade, ser transmitido a outras pessoas.
E
– sejamos francos – talvez você não ganhe nada com isso, mas esse é justamente
o princípio que estou tentando apresentar: escolher fazer o certo e o bom, e
não o mais vantajoso, porque o bem é bom para todos, enquanto o melhor só
satisfaz você.
Letícia Gedrat