domingo, 18 de dezembro de 2011

UNITED STUDENTS OF 131

Todos os anos as turmas se denominam eternas, mas como poderíamos ser a eterna 131 se ano passado fomos a eterna 121, e antes a eterna 111, e assim por diante? Não, esse título não nos pertence, pois já ano que vem haverá outra eterna 131, da qual não faremos parte. Quero propor a vocês, caros colegas, que eternizemos esse período na escola, esse último ano de outra maneira, sem conferir nenhum título a ele.
Quero propor que, até o fim dos nossos dias, nós utilizemos os conhecimentos adquiridos ao longo desse período.  Em meio a tantas aulas de física, português, história, matemática, geografia, biologia, literatura, química, o que aprendemos esse ano vai muito além de fórmulas e leis universais.
A turma 131, a nossa 131, com a maturidade adquirida ao longo dos anos, pode aprender o verdadeiro significado da palavra ESFORÇO, quando, em meio a tantas provas que nos faziam perder a cabeça, ainda encontrávamos tempo para fazer bandeiras utilizando apenas fita dupla face, para comprar flores e distribuir às professoras, para lutar com a direção na intenção de ser a primeira turma do colégio sinodal a ter um moletom de turma. Nos esforçamos e juntamos forças para conseguir nos separar de colegas que deixaram a turma ao longo do ano, assim como festejamos a chegada dos nossos intercambistas e de uma nova colega. Com isso aprendemos que o ESFORÇO não vale a pena se não existir RECOMPENSA e, sim, isso nós também tivemos muito, já que um sorriso muitas vezes é a forma mais poderosa de encher a alma de alegria.
ALEGRIA, aliás, não nos faltou esse ano. Há quem diga que a verdadeira alegria não existe, mas sim momentos felizes. Porém, a alegria é uma vitória conquistada sobre aquilo que não nos faz bem, e se não pudermos nos sentir vencedores por ter amigos em quem confiar, por ter motivos que nos fazem sorrir mesmo quando tudo parece dar errado, esses tais momentos felizes nunca serão intensamente vividos, pois a felicidade sempre possuirá um pouco de tristeza.
Shakespeare certa vez disse que “sofremos muito com o pouco que nos falta e gozamos pouco do muito que temos” . Sem querer ofender Shakespeare, mas isso não se aplica a nossa turma! Quero dizer, não se aplica completamente, já que alguns aqui sofreram muito pelo R que faltava. Porém, durante esse ano nós gozamos de cada momento feliz na companhia de pessoas maravilhosas, tornando cada momento único, pois mesmo as coisas rotineiras podem carregar surpresas e em meio a essa reunião de pessoas tão improváveis, iam acontecendo fatos surpreendentes que geraram esse imenso carinho que sentimos uns pelos outros.
Entre tantas características que poderiam nos descrever, certamente SINCERIDADE merece destaque, pois entre tantas discussões sempre pudemos ter a certeza de que estávamos lidando com a verdade, já que, apesar da falta de gentileza, sempre foi dito aquilo que se pensava.
Quando demos a notícia ao nosso regente, professor Rubens, de que ele havia sido escolhido como paraninfo para essa noite especial, ele nos disse que essa era uma verdadeira honra, pois apesar de ser um costume o professor conselheiro ser o paraninfo, ele sabia que se nós não gostássemos muito dele, não respeitaríamos a tradição, pois essa é a 131.
 Essa é a 131 que manteve a mania de discordar de quase tudo e lutar pelo o que queria, nem que isso significasse uma verdadeira guerra. Essa é a 131 que uniu forças e se manteve unida comemorando as conquistas de cada um. Essa é a 131 que com esforço, alegria, sinceridade e garra ficará eternizada em nossos corações. E é assim que proponho que eternizemos esse ano maravilhoso, que fique guardado dentro de cada um o jeito 131 de ser, encarando a vida com coragem, mas sem perder o humor. E se alguém disser que vamos nos separar, a esse alguém respondemos: NEM VAMOS NADA. POIS QUEM É UNITED HOJE É UNITED PARA SEMPRE.


AMO VOCÊS!

Letícia Gedrat

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Pontes

Você saberia dizer por quantas pontes já passou?Já parou pra pensar em como as pontes facilitam a sua vida? Provavelmente não. Provavelmente, como ser humano, você encara uma ponte sem se impressionar, afinal, ela tem a obrigação de estar ali, mas nem para pra pensar na dificuldade que seria se tivesse de viver sem ela. Pontes têm o poder de transformar dois territórios separados em dois territórios ligados; pontes atravessam fronteiras; pontes unem.
Quantas pontes você já construiu? Ora, não seja bobo, não estamos mais falando sobre concreto; construímos pontes desde sempre; agregamos às nossas vidas as coisas que são importantes para nós da mesma maneira que uma ponte de concreto une duas estradas que acabariam em um rio. São por essas pontes que transitam qualquer tipo e de relacionamento e qualquer tipo de sentimento despertado e gerado por quem, ou a quem essa ponte se liga.
Você sabe exatamente quais pontes na sua vida são fortes o suficiente para suportar caminhões transportando lealdade, e quais são frágeis a ponto de desmoronar com a passagem de um simples “não, não posso fazer isso por você”. Você sabe quais pontes foram erguidas porque o outro lado tinha interesse em atravessar, e sabe as pontes que foram construídas mas nelas não se transita mais.
O que quero dizer com tudo isso é para você prestar atenção e passar a ver cada recomeço da sua vida não como o início da construção de um edifício na vertical, mas sim como fortes pontes horizontais, que possam conectar você a aquilo que irá fazer bem.
Quando construir uma ponte, lembre sempre que o outro lado também poderá atravessar, por isso tome cuidado com quem está lidando e se pergunte se será positiva essa travessia.
Estude minuciosamente a estrutura das pontes que já tem e saiba sempre em quais você tem livre trânsito e pode atravessar sem medo, independentemente do peso que estiver carregando.
Agradeça as pessoas que atravessam a ponte para vir até seu lado e seja aberto para surpreender-se com as coisas que poderão chegar através delas.
Por último, não deixe uma ponte forte envelhecer; seja cuidadoso e reforme-a se estiver com rachaduras, valorizando quem te espera do outro lado, pois “o amor constrói pontes indestrutíveis”.


Letícia Gedrat

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Velha Lição de Moral

  Outro dia quando voltava pra casa à noite, de carro com minha mãe, passamos por um homem, já de cabelos brancos, que tentava arrumar sua bicicleta na calçada. No momento em que o vi logo pensei “coitadinho do vovô, alguém precisa ajudá-lo”, mas o carro continuou andando e eu pensei “é, ALGUÉM precisa ajudá-lo”. Que susto levei quando vi minha mãe virando a direção para dar a volta na quadra dizendo “viu aquele vovô? PRECISAMOS ajudar ele!”.
  Isso pra mim foi como um tapa na cara; um verdadeiro susto, porque, por mais ridículo que pareça, nem tinha passado pela minha cabeça que eu poderia ser o “alguém”que ajudaria o velhinho, mas já me sentia uma alma caridosa por sentir pena dele. Foi um susto porque eu não percebi que sentir pena dele não mudava em nada seu problema, e só então consegui notar a enorme distância que separa o reconhecimento de que alguém precisa de ajuda da verdadeira ação de ajudar essa pessoa.
  Depois disso, em estado de choque pela minha incrível descoberta, tentei lembrar de momentos na minha vida em que eu precisei de ajuda e todos pareciam seguir seu rumo normalmente, sem se importar comigo. Só então, enxerguei o outro lado; o lado de que eles até se importavam, mas não achavam que cabia a eles se manifestar. Esse provavelmente é o maior erro que cometemos, sempre achamos que não cabe a nós quando, na verdade, ajudar alguém que precisa SEMPRE cabe a qualquer um que possa fazer isso.
  Decidi exercitar isso um pouco mais e percebi também que não existe problema pequeno demais para uma ajuda e nem problemas grandes demais que uma ajuda, qualquer que seja, não faça alguma diferença. AJUDE E DEIXE QUE TE AJUDEM, peça se precisar, não tenha vergonha, mas não conte com a solidariedade de todos, pois ainda existem aqueles que não acreditam que os problemas dos outros sejam tão importantes quanto os seus; ainda existem aqueles que acham que já fizeram muito apenas sentindo pena, e continuam andando no carro como se isso resolvesse o problema.
  No fim, o vovô nem era um vovô, era apenas um homem de cabelos brancos que até parecia gostar de estar arrumando a bicicleta de noite, na rua. Ele não precisava de ajuda, minha mãe não precisou fazer nada e foi pra casa feliz, achando que não tinha ajudado ninguém quando, na verdade, tinha me aberto os olhos. Isso me lembra que preciso agradecer a ela, porque AGRADECER também é o estímulo pra alguém continuar ajudando. 


Letícia Gedrat

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Sem Leite no Café

Quando eu era criança e queria brincar com as crianças maiores, eu sempre pedia para ser “café com leite”.  Ser café com leite não me deixava com medo ou vergonha de ser pega ou escolhida, porque isso não poderia acontecer. Depois de algum tempo que perdi esse péssimo hábito comecei a me questionar e creio que nunca encontrarei a resposta de por que eu achava que estava, realmente, na brincadeira. Afinal, o que um “café com leite” faz na brincadeira do pega-pega? NADA. Eu ficava correndo de um lado pro outro, para fingir que estava sentindo a emoção de ser perseguida, mas não estava porque, obviamente, ninguém persegue o café com leite. Para me sentir segura, precisava da certeza de que “o pior” não iria acontecer e, para isso, abria mão da melhor parte: a emoção da fuga. Claro que, depois de algum tempo, a brincadeira já não tinha graça nenhuma, mas não acredito que alguém sentisse minha falta quando eu me retirava, porque eu estava brincando comigo mesma.
Todo dia desejamos estar a salvo, sem precisar contar com imprevistos, para que nossas expectativas se realizem. Mas a verdade é que – mesmo que nós mesmos não saibamos disso – gostamos de correr o risco do fracasso, pois assim a vitória é cada vez mais valiosa. Qual a graça de não correr riscos? Qual é a graça de não receber desafios? Somos diariamente desafiados, mas na maioria das vezes interpretamos isso errado. Talvez não seja a vida que esteja ruim ou difícil, mas sim eu que não estou aceitando o desafio a mim destinado, desafio de ser sempre melhor.
Pode soar engraçado, mas eu precisei que me ensinassem que é sempre necessário dar o melhor de si. No meu entendimento era normal ficar “se guardando” para outra coisa que valesse mais a pena, mas o que vale mais a pena do que o “aqui” e o “agora”? Não posso dizer que depois desse ensinamento eu sempre me doei a tudo que estava fazendo, mas tenho certeza de que aprendi a valorizar o trabalho bem-feito de maneira que antes não fazia; aprendi a valorizar o trabalho que se dispõe ao desafio de ser julgado, porque foi bem feito, a ele foi dado seu máximo.
Outro dia quando me imaginava, pequena ( e café com leite), correndo e achando que estava fazendo algo além de correr, pensei em como eu estava sendo fraca e até mesmo preguiçosa. Era tão mais fácil ser café com leite para não ser pega do que ser boa no jogo e conseguir não ser pega por próprio mérito. Felizmente aprendi que não tenho essa opção na vida, pois estarei sempre competindo com quem se arrisca e então, é preciso se arriscar também.
 O que espero deixar a vocês, com quem compartilho minhas palavras é que, mesmo que um dia se deparem com uma situação de soa muito confortável e estável, sem correr riscos, não aceitem, pois sua condição de ser humano competidor nunca estará satisfeita, e quando finalmente criar coragem para deixar tudo isso para trás, perceberá que não terão muitas pessoas que sentirão sua falta no “jogo”. Tenha vontade de competir e de ganhar, tenha garra de ser o melhor, por mais que talvez nunca vá ser. Não se entregue a você mesmo, pois esse é seu pior inimigo. Por mais difícil que estiver, por favor, não se entregue, para ter um dia o prazer de lembrar como foi forte, e sentir orgulho de si mesmo. 




Letícia Gedrat

domingo, 13 de março de 2011

Lagartixa no Banheiro

Faz mais ou menos três dias que, ao entrar no banheiro, me deparei com uma lagartixinha no teto. Como ela era pequena e não tinha a menor semelhança com insetos asquerosos que habitam esgotos, não tive nojo nem medo; achei ela engraçadinha. Desde então, ao entrar no banheiro, a primeira coisa que fazia era procurar por teto e paredes o meu bixinho. Há mais ou menos três dias eu pensava nela e achava interessante o lugar que havia escolhido para viver, e, claro, gostava da idéia de ter um "lagartinho" de estimação.
Aconteceu hoje de manhã quando, escovando os dentes, não conseguia encontrar minha amiguinha e já pensava que era uma traidora; que fugira de mim. Demorei algum tempo para me sentir a maior idiota do mundo e não me senti assim porque eu dava falta de uma lagartixa amiga, não! Me senti assim porque eu realmente achei, por mais ou menos três dias, que ela estava ali para ser minha amiga; que ela queria estar ali; que ela sabia como sair. Por mais ou menos três dias eu olhava pra ela e a achava curiosa e simpática com seus olhinhos de lagartixa enquanto, na verdade, ela provavelmente estava desesperada, me olhando e esperando que eu pudesse fazer alguma coisa, mesmo que talvez não soubesse que eu tinha total condição de tirá-la dali.
Ela conseguiu sair, ela encontrou a janela do banheiro sozinha, mas levou mais ou menos três dias para isso; três preciosos dias na curta vida de uma lagartixa, enquanto eu poderia facilmente ter resolvido seu problema em segundos. Me senti cega e ignorante.
Antes de me julgar louca, olhe ao seu redor: quantas lagartixas podem estar presas no banheiro? Quantas pessoas sofrem sérios problemas internos que procuram não demonstrar enquanto todos passam por elas e pensam que são como são por pura opção quando, na verdade, elas esperam ajuda ou esperam que o tempo passe e leve consigo todas as suas angústias. Quantas vezes você poderia ter ajudado alguém com a facilidade de quem consegue tirar uma lagartixa do banheiro.
Sofrer sozinho dói muito mais porém, muitos preferem guardar sua dor somente para si. As vezes, com gestos muito sutis, já é possível imaginar o tamanho da necessidade de alguém, mas é preciso atenção a esses detalhes.
Conheci, há um tempo atrás, uma moça maravilhosa. Ela era linda, morava no exterior e exalava alegria. Passei algum tempo conhecendo e, de certa forma, invejando seu jeito feliz e simples de ser. Depois de mais ou menos três dias do nosso encontro, recebi a notícia de que essa moça havia tentado se suicidar. Me senti cega e ignorante. Interpretei ela errado e me senti muito culpada por isso, porque, por algum tempo, eu estive na vida dela e se tivesse me atido aos pequenos "sinais" que mostravam sentimentos diferentes dos que ela realmente demonstrava, eu poderia ter feito alguma diferença.
Tanto a lagartixa como a moça estão bem agora, acredito eu, mas o fato é que eu poderia ter feito qualquer coisa que acrescentasse algo ou facilitasse suas vidas e não fiz, porque eu achei que era completamente desnecessário, enquanto talvez tivesse sido de vital importância.
Emoções bem escondidas são difíceis de detectar, por isso agora estou muito atenta a pequenas ações. Pra ser sincera, realmente espero que faças o mesmo porque "descarregar" os problemas alivia a consciência, logo, quem não pede por ajuda é justamente quem mais precisa.




Letícia Gedrat

quarta-feira, 9 de março de 2011

resgate.

Esse é um texto que eu encontrei a pouco tempo, revirando alguns arquivos. Ele é de 2008 eu acho e resolvi publicar ele exatamente como eu escrevi. Pensei em arrumar e deixar ele mais bonito, mais correto, mas achei que não seria justo com a menina que o escreveu. Pessoalmente, achei meio dramático mas me empolguei demais em ter encontrado "registros" do que eu me preocupava.


NORMALIDADE ESTRANHA


Todos os dias, ao abrirmos os jornais ou ligarmos a televisão, acompanhamos diversos tipos de notícias. Mas não é necessário fazer nenhuma conta ou estatística para sabermos que a maioria delas trata de violência, assaltos, coisas que se fazem presentes na realidade das pessoas.É bastante interessante e em certo ponto, engraçado, o modo como estamos acostumados a viver.
A justiça parte, ou deveria partir, do princípio de “inocente até que se prove o contrário”. Mas infelizmente, hoje devemos provar nossa inocência. Infelizmente, hoje em dia colocamos cercas, grades, vigilância 24 horas, cães ferozes e nos prendemos dentro de casa enquanto há pessoas fazendo maldades, livres pelas ruas. Chega a ser estranha a sensação de caminhar por uma cidade onde as casas não tem grades, não parece normal. Afinal, hoje em dia, o que é normal?
O dicionário apresenta normal aquele ‘”que segue a norma; exemplar”. Não querendo ofender o professor Silveira Bueno mas sua descrição desta palavra não se enquadra mais nos dias de hoje. Ser normal, hoje, é ser exatamente aquilo que o conceito de normalidade formado pelas pessoas apresenta, e esse conceito não diz que devemos ser autenticos, devemos ser iguais aos outros, normais.
Se fosse escrever algo para descrever essa palavra, escreveria “neutro; indiferente; igual” pois normalidade é a indiferença. A normalidade com que lidamos com o fato de não podermos andar a noite, de sermos orientados a chamar menos atenção possivel, de termos de viver cercados e assegurados em qualquer lugar é o suficiente para me provar a indiferença que as pessoas tem sobre este assunto. Elas simplismente baixam a cabeça e admitem correr o risco de ser baleado ao por o pé para fora de casa ou nem isso, em qualquer lugar, nunca estamos seguros.
Diante dessa condição de normalidade, sinto certo orgulho em afirmar e confirmar minha diferença nesse mundo, sim, falo em mundo pois violência não é restrita a alguns, lamento ter de dizer que violência é universal. Sei que não sou nenhuma autoridade e sei que não possuo influencia a nivel mundial  mas isso nem se torna necessário quando já formei meus próprios conceitos e tenho minha própria visão das coisas. Sei também que é isso que me torna diferente, e saber disso me torna especial.
O importante e principal para não ser normal, é, apesar de toda a influência do mundo, conseguir ver as coisas do seu próprio jeito pois o que teus olhos vêem, tua voz não deve calar.



Letícia Gedrat

terça-feira, 1 de março de 2011

Doença de Amor Doentio

Quero começar este texto me desculpando. Faço isso para que sirva de aviso que esses próximos momentos em que perderá seu precioso tempo lendo isso, não o farão ter uma visão mais positiva da sociedade. Por isso aviso: talvez seja melhor parar a leitura por aqui.
Obviamente, você continua lendo. Afinal, depois desse anúncio, o texto parece curioso e interessante, parece valer a pena. Por isso novamente me desculpo, porque não vale.
Parando a brincadeira por aqui, quero usá-la de exemplo para minha 'teoria'. Menosprezar a si mesmo é, em realidade, falta de amor próprio e confiança em si. E é assim que nasce o amor compulsivo por coisas completamente inalcançáveis. Pois, ora, se eu não sou boa o bastante, o que é alcançável e possível pra mim, também não será. Então as pessoas elegem ídolos, aparências e comportamentos ideais e os seguem à risca, com absoluta certeza de que aquilo é a maior prova do maior amor do mundo. Meninas choram porque não têm uma linda história de amor com um cara (ou vampiro) perfeito, e elas realmente sofrem com isso, ignorando completamente o fato de que talvez seja possível viver a própria vida e ser feliz assim. As pessoas decidem amar e 'desamar' como se fosse questão de escolha e quando "amam", o fazem com todas suas forças porque decidiram que seria assim, e depois, quando percebem que não era bem por aí, decidem "amar" outra coisa. 
Minha profunda e sincera raiva em relação a esse tipo de comportamento me obrigou a desenvolver a arte de fechar o olho e fingir que isso não acontece; que todos sabem que não precisam amar porque outro alguém ama e que ninguém ofende o amor fazendo todo tipo de declarações a semi-desconhecidos. Infelizmente minha técnica ineficaz me permite permanecer irritada e triste por todos que sofrem essa terrível doença.
Agora então, suplico-lhe que tome as devidas prevenções; tenha respeito próprio, aprenda a diferenciar sentimentos e jamais menospreze a simplicidade. Não seja pessimista em relação a sua vida e não se renda a tudo que dizem ser legal e bom pra você. Se permita ser diferente também;
         
          "Seja um deles, mas não seja como eles."





Letícia Gedrat

sábado, 29 de janeiro de 2011

Vida de Cão

Acredito que faça parte do comportamento humano comparar-se com outro indivíduo. Todos fazem isso; comparam roupas, empregos, atitudes, posses e o que mais for possível para depois sentirem-se superiores ou inferiores ao outro, ou simplesmente para não chegar a nenhuma conclusão.
Aconteceu outro dia quando, seguindo meu instinto humano, passei a me comparar com meu cachorro. Desde então me avalio, pois cheguei a conclusão de que tenho muito a aprender com ele. Eu o invejei e cheguei a considerar que seria bom para a humanidade se todos agissem como cães. Não, não! Não quero ver pessoas revirando lixeiras ou perseguindo o traseiro - embora algumas façam isso - mas creio que seria saudável para a sociedade as pessoas aprenderem a ser verdadeiras, espontâneas e puras como um cachorro. 
Um cachorro não tem vergonha de não ir ao encontro de seu dono sempre que é chamado; não tem medo de pedir algo e jamais vai se preocupar em impressionar alguém. Se não está afim, simplesmente não está e não guarda remorso de quem chama sua atenção. Um cachorro não se envergonha de sentir ciúmes, raiva ou atração, sempre deixa bem claro o que sente por alguém e não se intimida com tamanho: enfrenta quem estiver lhe incomodando. O cão não se preocupa em agradar e mesmo assim não tem medo de "perder" as amizades, pois reconhece o que é verdadeiro e sabe que tipo de companhia deseja. Ele reconhece quem lhe quer bem e dá valor para cada aspecto da personalidade de seu dono, sendo-lhe eternamente grato e fiel, independente de qualquer tipo de condição social ou econômica.
Depois de muito admirar a nobreza das atitudes do meu cachorro, confesso ter me sentido boba por decidir me "inspirar" em uma criatura que seguidamente tenta comer algo não comestível e que, provavelmente, não tem muita consciência de seus atos.Porém, a simplicidade da alma é o que há de mais sofisticado, então não irei desvalorizá-lo. Pelo contrário, chego ao final deste texto dizendo que muito podemos aprender com esses bichinhos, mas em um aspecto sempre seremos superados por eles: a comunicação. Pois por mais avançada que seja a comunicação humana, ela as vezes parece não ser suficiente para que haja, de fato, sinceridade e entendimento em uma conversa, enquanto o olhar de um cão ao seu dono já os tornam melhores amigos.


Letícia Gedrat